Como livrar os seus coelhos de parasitas indesejados

02 outubro 2020
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2 minutos

Causa de doenças, os parasitas são um elemento que deve combater para garantir o bem-estar da sua criação de coelhos. Saiba quais são as maiores ameaças e como limitá-las!

As doenças parasitárias, causadas por parasitas, são responsáveis por elevadas perdas produtivas que estão associadas à elevada morte dos animais. Os parasitas são organismos que só sobrevivem através de outros seres, os chamados hospedeiros. Vivem do desempenho alheio e, para além de “roubarem” os seus portadores, fazem com que muitas vezes estes adoeçam ou morram. Os efeitos do parasitismo podem ser diretos, provocando doenças, inflamações, reações tóxicas, entre outras, junto dos animais; ou indiretos, como a diminuição do bem-estar animal e as perdas económicas que daí decorrem.

É por isso que o exame parasitológico, feito através das fezes dos coelhos, permite que seja feita a deteção dos parasitas de uma maneira seletiva, rápida e eficaz; permitindo encontrar os melhores remédios antiparasitários para cada um dos tipos de parasita. 

De seguida, apresentamos-lhe os parasitas mais comuns nos coelhos e a melhor forma de lidar com eles.

Encefalitozonose

É uma doença amplamente difundida no coelho, com uma prevalência entre os 4 e os 97% no coelho industrial causada pelo protozoário unicelular Encephalitozoon cuniculi. Os coelhos estão muito bem adaptados a esta doença pelo que apenas uma pequena percentagem dos animais infetados desenvolvem sinais clínicos. 

Infecção e sintomas: A via de infeção é predominantemente oral. Os animais infetam-se pela ingestão de esporos procedentes da urina dos animais infetados, numa doença que afecta principalmente os rins e o cérebro. A doença provoca, na sua forma crónica, um reduzido desenvolvimento muscular para a idade, entre outros sintomas.

Diagnóstico e prevenção: O diagnóstico em animais vivos é feito através da recolha de urina. A transmissão horizontal pode ser reduzida com a aplicação de medidas de higiene adequadas. Deve ser feita a correta desinfeção dos bebedouros e comedouros, uma vez que é frequente os animais urinarem no bebedouro ou na ração. Os ionóforos a 0,5% revelam-se eficazes. 

Tratamento: Em coelhos não existe nenhum tratamento que se tenha demonstrado eficaz contra a doença. Devido à escassa atividade das substâncias utilizadas e/ou pela toxicidade destas, existem poucas alternativas para o tratamento de encefalitozoonose.


Sarnas

As sarnas dos coelhos são parasitoses contagiosas causadas pela presença do ácaro sobre a epiderme. As formas mais comuns afetam o pavilhão auricular (otocariose) ou começam na cabeça do animal e posteriormente estendem-se ao resto do corpo (sarna sarcótica). Em ambas, o prurido é intenso e os animais afetados estão inquietos levando a importantes perdas produtivas.

Sarna psorótica

Infecção e sintomas:  A otocariose é a parasitose externa mais disseminada e frequente em coelhos de carne, mas menos contagiosa e grave que a sarna sarcóptica. O seu agente é o Psoroptes cuniculli e todo o ciclo biológico ocorre no interior do pavilhão auricular com a duração de 2-3 semanas. A sarna psorótica caracteriza-se por uma otite externa com exsudado seroso e formação de crostas de odor desagradável. Em condições normais, os animais não estão afetados clinicamente. Noutras situações apresentam intensas sacudidelas de cabeça com acumulação de cerúmen e crostas no interior da orelha. Os ácaros causam uma reação inflamatória do conduto auditivo.

Sarna sarcoptica

Infecção e sintomas: O agente é o Sarcoptes scabiei cuniculi. Afeta a cabeça e os espaços interdigitais e é muito pruriginosa.  A afeção costuma começar no nariz e em redor das unhas mas pode afetar ambos os pavilhões auriculares. Contrariamente à sarna psorótica, a zona interna fica intacta. Nas zonas lesionadas a pele está seca, sem pêlo, e aparecem escamas e crostas esbranquiçadas. As lesões são dolorosas.

Tratamento: Uma vez feito o diagnóstico na exploração devem tratar-se todos os animais. Se existirem infeções bacterianas secundárias, deve fazer-se um tratamento adicional com antibiótico. A otocariose pode ser tratada de forma tópica com um acaricida. Em animais muito afetados as crostas devem ser previamente retiradas com uma solução antisséptica antes da aplicação do tratamento. As injeções com ivermectina estão indicadas em animais com lesões muito dolorosas que resistem ao tratamento tópico ou quando há a necessidade de tratar um grande número de animais. Em situações bastante graves, podem ser feitos 2 ou 3 tratamentos com 7 a 10 dias de intervalo entre eles.   


Passalurose

Passalurus ambiguus é extremamente frequente nas engordas e nos reprodutores e é causador de perdas económicas importantes. Nas maternidades pode levar a quebras de fertilidade na ordem dos 5%. Recomenda-se procurar a presença de P. ambiguus se reprodutores e láparos lactantes apresentarem um quadro gastrointestinal.

Infecção e sintomas: O parasita habita o ceco, onde completa o seu ciclo biológico. Os ovos são depositados no ceco e posteriormente eliminados pelas fezes, assegurando a sobre-infeção do hospedeiro através da cecotrofia e a infeção de outros animais. Os ovos uma vez ingeridos eclodem em 24-48 horas, dando origem a larvas infestantes que facilmente penetram nas criptas da mucosa. As larvas de P. ambiguus provocam a irritação da mucosa do intestino, favorecendo infeções concomitantes por outros parasitas (Eimeria spp., Cryptosporidium spp.) ou bactérias (E. coli). Os coelhos infetados têm menor performance reprodutiva e o crescimento também é menor. Apesar de raramente provocarem a morte do animal agravam outras condições paralelas que possam afetar os animais.

Diagnóstico e prevenção: O diagnóstico baseia-se na observação e identificação direta dos vermes na necropsia ou dos ovos utilizando o método de flutuação. No exame da região anal é possível observar a presença de vermes adultos. A tarde e a noite são os melhores horários para a recolha de fezes para realizar o diagnóstico uma vez que o ritmo circadiano de excreção de ovos é maior nesta fase do dia. 

Tratamento: Para um completo controlo, é imprescindível evitar o contacto dos animais com fezes contaminadas. A limpeza deve ser diária e as desinfecções feitas com produtos amoniacais ou clorados. Quando o grau de higiene das explorações é medíocre, é necessário aumentar a frequência dos tratamentos e rever a higiene das explorações. 


Serviços Técnicos De Cunicultura da De Heus Nutrição animal